Hoje apresento-vos mais uma fábula, em que novamente os protagonistas são os gatos e as aves. Esta foi uma história que o Vento contou à Manhã enquanto acendiam o Sol, o que fez com que esta chegasse atrasada, alterando os ritmos naturais das coisas. Por isso, o Tempo foi falar com a Manhã e prometeu-lhe que se a história que o Vento lhe contara fosse bonita lhe ofereceria uma rosa azul.
Cá vai. No parque onde viviam os animais, todos tinham medo do Gato Malhado, que tinha fama de destruir tudo o que via e de simplesmente ser mau. Acontece que, com a chegada da primavera, o gato acorda com novos humores, transbordando boa disposição. Pensando que de alguma partida de tratava, os animais do parque fugiram todos para se refugiar. Todos? Todos, não! A brava Andorinha Sinhá ficara a comtmplar o Gato, pois este era o único habitante do parque com quem não falava e queria que todos fossem seus amigos. A partir deste momento, começa a passear com o gato, passando a primavera e o verão mais felizes de cada um, até que o gato se declara apaixonado. Tentando evitar que algum mal acontecesse à filha, os pais da andorinha definem-lhe o casamento como Rouxinol, mestre do canto. Assim,se passa o Outono, em que os dois apaixonados mal se falaram, sentindo-se separados por uma invisível cortina, até que num dia em que a Andorinha se mostrava alegre, ela lhe conta que se vai casar. Aí, o Gato recupera a má fama, até que no inverno se dá o casamento. Percebendo a inutilidade do seu sonho de amor impossível, perdendo o seu rumo, dirigindo-se ao refúgio da cobra cascavel.
Foi esta a história que a Manhã contou ao tempo, com a qual recebeu a rosa azul, que às vezes usa como adorno. É por isso que quando ela a usa se di que está uma esplêndida manhã azul.
Esta é uma bela fábula onde reconheço novamente a seguinte moral, que o mundo só será bom a partir do momento em que assimilarmos as diferenças entre os seres vivos e as entendermos como parte integrante para a construção de alicerces seguros para a paz no mundo.
E porque gosto de ler...
Recomendo
Este romance de Luís Sepúlveda apresenta a história de um gato, Zorbas, que ao começarem as férias dos seus donos, pensando nas vantagens de ter a casa só para si, se depara com uma gaivota, Kengah, que cai na sua varanda,
após ter sido apanhada por uma maré negra que a acabaria por matar. Mas, antes de morrer, faz Zorbas prometer três coisas:
Pensando que esta delirava, Zorbas procura os concelhos dos seus amigos gatos, Secretário, Sabetudo e Colonello, tentando salvá-la. Ao regressar descobrem a gaivota morta, juntamente com o seu ovo, apercebendo-se da responsabilidade e do peso de cumprir as suas promessas.
Assim, são-nos contadas as aventuras destes gatos, juntamente com o amigo Barlavento, no porto de Hamburgo, na tentativa de cumprirem as promessas. A patrtir do nascimento, os cinco gatos vão guiando Ditosa, a pequena gaivota, pela cidade, protegendo-a dos perigos iminentes, até perceberem que era hora de cumprirem a terceira promessa: ensiná-la a voar. Depois de 17 tentativas falhadas, decidem quebrar o tabu que impede os gatos de comunicar com os humanos, de modo a acocelharem-se com um poeta, inspirando-se num poema de Bernardo Atxaga, chamado As Gaivotas:
"Mas o seu pequeno coração
- que é o dos equilibristas-
Por nada suspira tanto
Como por essa chuva tonta
Que quase sempre traz vento,
Que quase sempre traz sol."
Então, nessa noite chuvosa, levam-na ao campanário de São Miguel onde a libertam e ela aprende a voar definitivamente, acabando a história com um final feliz.
Tal como podemos ver na sinopse, esta obra pode-se considerar tanto uma fábula, como uma parábola, com uma grande menssagem associada. Dela tirei duas conclusões em jeito de moral:
E porque gosto de ler...
Recomendo!
Decorrendo durante o ano de 1453, Predestinado é um romance histórico que decorre numa época em que tudo é presságio de um fim do mundo próximo. Deste modo, cabe a um jovem de 17 anos, Luca Vero, a missão de descobrir os mistérios associados ao fim do mundo na Europa, registando estes momentos, já depois de ser expulso do seu mosteiro. Assim, depois de sair de Roma, o seu primeiro destino é Lucretili, onde o espera um estranho caso na abadia, em que a madre abadessa, Isolde, um rapariga, também ela de 17 anos, é acusada de bruxaria e de outras coisas estranhas, como o enlouquecimento das outras freiras ao seu cuidado, contribuindo estes acontecimentos para o aumento do clima de tensão vivido nessa época. Ao descobrir a inocência de Isolde, pouca antes de esta ser queimada numa pira, Luca ajuda a fugir do convento, levando-a por uma viagem ao longo de Itália. Durante esta viagem vão-se conhecendo mutuamente, tal como os acompanhantes de cada um e travando ujma relação forte, superando desafios relacionados com magia negra e criaturas fantásticas, combatendo o avanço do Mal e defendendo as fronteiras da Cristandade.
É um bom romance, mas ainda quero saber mais. Por isso é que espero a continuação, que já foi publicitada no livro da autora, Pilippa Gregory.
É por estas razões e porque gosto de ler que...
Recomendo!
A Profecia de Istambul é um livro cuja ação decorre maioritariamente durante o século XVI, o chamado Século de Ou
ro, em que a fusão de religiões e culturas promovem um confronto entre as forças do Bem e do Mal.
Desenvolvendo-se em torno da Lança de Destino, a qual perfurou o lado de Cristo aquando da sua crucificação, a obra começa quando a Lança é negligentemente perdida por um dos seus últimos possuidores, Roger de Flor, que a perde ao morrer numa batalha, durante o século XIV. De volta ao século XVI, deparamo-nos com três jovens, unidos por uma amizade fiel que os leva a fazerem um pacto de sangue, tornando-se irmãos. Durante o ritual, tomam conhecimento de um livro, o "Necronomicon"k, que se for possuido em conjunto com um outo objeto, o seu detentor pode guiar o destino da humanidade, tanto para bem como para mal. Separando-se no fim deste encontro, cada amigo segue o seu rumo, sendo que Jaime, o protagonista se separa também de Rosa, a rapariga por quem estava apaixonado.
E como o destino é um dos grandes agentes desta obra, Jaime acaba por reencontrar os seus dois amigos e a sua amada, por força de uma missão que têm que cumpir em Orão, de modo a stender os limites Cristãos em territórios árabes. Perseguidos desde Espanha, por ouvirem uma conversa onde era mencionada a Lança do Destino, Jaime e os ses amigos vêm-se torturados pela inquisição, mesmo em terras de África. Depois de serem derrotados numa das suas batalhas. Aí descobrem que têm a missão de recuperarem a Lança e de a restituirem ao seu devido lugar, sendo necessário Jaime renegar a sua religião e fazer-se "turco de profissão" para poder circular livre e discretamante no mundo árabe. De seguida, parte para Istambul, onde descobre novas informações acerca da missão que lhe cabe cumprir. Descobre a história associada à Lança e conhece Grácia Nasi, uma judia muito bem sucedida em Istambul que o vai informando acerca da Lança. É aqui que lhe explica a profecia, que dita que se a Inquisição tomar posse da Lança e de um livro, o "Necronomicon" os pode usar para provocar um holocausto, destinado à exterminação dos judeus. Além disso, a Lança era conhecida por dar grandes glórias aos seus possuídores durante a vida, mas no momento da mudança de possuidor, a possuidor anterior teria uma morte trágica. Depois de muitas desventuras, Jaime consegue finalmente recuperar a Lança e repô-la no seu devido lugar, regressando para junto de Rosa.
Ao ler este romance, e ao conhecer a profecia pensei: "Coitados dos Judeus, tinham medo de serem aniquilados pela inquisição se esta possuisse a Lança e nem sequer sabiam que mais tarde, mesmo sem a Lança estariam gravemente ameaçados". Mas estava muito enganda e é aqui que o autor remata em beleza, ao concluir no epílogo que Hitler, depois de ver a Lança num museu em Viena a achou de alguma forma mágica, mas que isso era provavelmente fruto da sua imaginação. Mas ao alcançar o poder e ao anexar a Áustria, Hitler toma posse de todas as coleções dos museus, incluindo a Lança. É aqui que se cumpre a profecia, dando-se o holocausto. Quando os EUA chegam à Alemanha para derrotarem Hitler, entram no esconderijo da Lança e levam-na. De modo a que a profecia ficar completa, o que é que faltava acontecer? A morte trágica de Hitler. E a História confirma este facto: Oitenta minutos depois de os Americanos invadirem o esconderijo de Hitler, este suicida-se consomando a História da Lança, que voltou a ser guardada.
É por estas razões, e porque gosto de ler que...
Recomendo
O Bazar Alemão é um livro de Helena Marques que expressa os efeitos das políticas racistas alemãs em países e comunidades que à partida não estavam relacionados com a 2ª Guerra Mundial, como o caso de Portugal (país nulo) e, em particular da comunidade madeirense. Em vésperas da guerra, é decretada uma lei que tinha em vista a preservação da honra e do sangue alemão, chegando a abranger as leis relacionadas com o casamento, atingindo a comunidade judico-alemã que habitava na pacata cidade do Funchal. Nessa época, chegara a esta bela cidade um jovem alemão, Eugen, que recebera como guia e orientadora na ilha, a melhor amiga da filha do cônsul alemão, Elisabeth. Entre ambos estabeleceu-se desde o início uma relação de cumplicidade e confiança, sabendo que estavam destinados um ao outro. Ao mesmo tempo, desenvolvem-se outras histórias paralelas, como a de Mike, um jovem português que estudava em Londres, e Katherine, uma mulher independente e autónoma, de origem alemã, que se amam sem paixão. Dando nome ao romance, surge a história de Izaak e Miriam, um casal polaco que imigra para Portugal em busca de melhores condições de vida para si e os seus filhos, abrindo um negócio de venda de artigos de costura, entre outros, O BAZAR ALEMÃO, que os sustentava. Dá-se também a presença do amor entre Leonor e o Dr Franz. Como impedimento a todas estas relações, existe um estranho casal alemão, de convicções puramente racistas, os Bromberger, que tentaram por em prática as políticas de Hitler, impedindo o casamento de Eugen e Elisabeth e dificultando a vida ao casal polaco.
É um bom livro que mostra como algumas políticas conseguem transtornar a vida familiar e quotidiana de pessoas sem relação com essas políticas e a forma como se devem ultrapassar todos esses problemas.
É por estas razões e ... porque gosto de ler que ...
Relacionado com a 2ª Guerra Mundial, este livro retrata, através do seu obscuro narrador, a Morte, a vida dos habitantes de Molching, um subúrbio de Munique. A ação começa com a chegada de Liesel Meminger, uma rapariga que vem ao encontro da sua família de acolhimento, o casal Hubermann, tendo um passado triste, com a sombra da narradora a pairar sobre o irmão que morrera durante a viagem para Molching. Tendo já escapado por uma vez às mãos da narradora, esta última conta-nos as peripécias do crescimento desta criança, considerando como um dos seus ídolos, uma daquelas pessoas que merece por tudo viver. Assim, é-nos dada a conhecer a sua relação com os pais, o seu melhor amigo, Rudy, e os vizinhos, e, o facto que a levou a receber a alcunha de ladra de livros. Numa noite em que se comemorava o aniversário de Hitrler com uma grande fogueira que queimava tudo o que fosse anti-nazi, Liesel consegue tirar um dos livros que teria como destino as chamas, tendo sido observada pela mulher do presidente da Câmara, que a passa a convidar a frequentar a sua biblioteca, da qual começa também a roubar livros. Entretanto, devido a uma promessa que fizera durante a 1ª Grande Guerra, o pai de Liesel vê-se obrigado a alojar um judeu na sua própria casa. Este judeu conhece Liesel, percebendo que têm coisas em comum, como os medos e os sonhos. Ele começa a ilustrar-lhe livros por ele escritos, que dedicava à rapariga e à sua estreita relação de amizade. Com o avançar da guerra, Molching é bombardeada e, em quatro das suas ruas, todos os habitantes morrem, à exceção de Liesel, que adormecera na cave enquanto escrevia o seu próprio livro. Perde toda a sua família, restando-lhe apenas o pai de Rudy, que se encontrava na Guerra aqundo do bombardeamento. Algum tempo mais tarde, com o consumar da guerra, dá-se a libertação dos campos de concentração e, Max, o judeu que vivera em casa de Liesel e que anteriormente tinha sido levado para o campo de Dachau, regressa em busca de Liesel. A história acaba com uma prolepse, em que a narradora encontra Liesel, devolvendo-lhe o livro que a rapariga escrevera e que havia preservado ao longo do tempo como seu bem mais precioso.
Em suma, gostei muito deste livro, pois evidencia o sofrimento causado por uma guerra, os transtornos criados pelas políticas raciais, e acima de tudo, verifica-se muita criatividade da parte do autor, pela forma como escolhe as personagens e como liga os assuntos, sem menosprezar os impactos da Guerra.
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