Tendo marcado toda a humanidade, este é um testemunho da opressão que se fez sentir durante a 2ª Guerra Mundial, não apenas quanto aos receios e mortes provocados pela batalha propriamente dita, como também pelos preconceitos racistas associados às políticas nazis anti-semitas.
Estrito pela própria Anne Frank enquanto esta vivia a experiência do refúgio, este relato de mais de um ano de vida num esconderijo, dá-nos a conhecer toda a sua experiência enquanto adolescente preocupada com o seu mundo e com questões humanitárias, como a moralidade do extermínio dos judeus. Ao mesmo tempo, dá-nos conta dos problemas da sua vida pessoal, como as discussões em família, principalmente com a sua mãe, mas também o seu lado apaixonado, quando esta relata os seus amores por Peter, um jovem que também viva no abrigo.
Bastante marcante e profundo, esta é um livro que me deixa a pensar novamente nos ideais que deixei nos dois dias anteriores, com as fábulas que vos apresentei, acerca da aceitação das diferenças para a construção da paz. Será que a humanidade não aprende com estes ensinamentos que nos são deixados por estes pequenos, mas ao mesmo tempo, GRANDES Livros? Não serão as diferenças o grande motor da sociedade?
E porque gosto de ler...
Recomendo!
O Bazar Alemão é um livro de Helena Marques que expressa os efeitos das políticas racistas alemãs em países e comunidades que à partida não estavam relacionados com a 2ª Guerra Mundial, como o caso de Portugal (país nulo) e, em particular da comunidade madeirense. Em vésperas da guerra, é decretada uma lei que tinha em vista a preservação da honra e do sangue alemão, chegando a abranger as leis relacionadas com o casamento, atingindo a comunidade judico-alemã que habitava na pacata cidade do Funchal. Nessa época, chegara a esta bela cidade um jovem alemão, Eugen, que recebera como guia e orientadora na ilha, a melhor amiga da filha do cônsul alemão, Elisabeth. Entre ambos estabeleceu-se desde o início uma relação de cumplicidade e confiança, sabendo que estavam destinados um ao outro. Ao mesmo tempo, desenvolvem-se outras histórias paralelas, como a de Mike, um jovem português que estudava em Londres, e Katherine, uma mulher independente e autónoma, de origem alemã, que se amam sem paixão. Dando nome ao romance, surge a história de Izaak e Miriam, um casal polaco que imigra para Portugal em busca de melhores condições de vida para si e os seus filhos, abrindo um negócio de venda de artigos de costura, entre outros, O BAZAR ALEMÃO, que os sustentava. Dá-se também a presença do amor entre Leonor e o Dr Franz. Como impedimento a todas estas relações, existe um estranho casal alemão, de convicções puramente racistas, os Bromberger, que tentaram por em prática as políticas de Hitler, impedindo o casamento de Eugen e Elisabeth e dificultando a vida ao casal polaco.
É um bom livro que mostra como algumas políticas conseguem transtornar a vida familiar e quotidiana de pessoas sem relação com essas políticas e a forma como se devem ultrapassar todos esses problemas.
É por estas razões e ... porque gosto de ler que ...
Relacionado com a 2ª Guerra Mundial, este livro retrata, através do seu obscuro narrador, a Morte, a vida dos habitantes de Molching, um subúrbio de Munique. A ação começa com a chegada de Liesel Meminger, uma rapariga que vem ao encontro da sua família de acolhimento, o casal Hubermann, tendo um passado triste, com a sombra da narradora a pairar sobre o irmão que morrera durante a viagem para Molching. Tendo já escapado por uma vez às mãos da narradora, esta última conta-nos as peripécias do crescimento desta criança, considerando como um dos seus ídolos, uma daquelas pessoas que merece por tudo viver. Assim, é-nos dada a conhecer a sua relação com os pais, o seu melhor amigo, Rudy, e os vizinhos, e, o facto que a levou a receber a alcunha de ladra de livros. Numa noite em que se comemorava o aniversário de Hitrler com uma grande fogueira que queimava tudo o que fosse anti-nazi, Liesel consegue tirar um dos livros que teria como destino as chamas, tendo sido observada pela mulher do presidente da Câmara, que a passa a convidar a frequentar a sua biblioteca, da qual começa também a roubar livros. Entretanto, devido a uma promessa que fizera durante a 1ª Grande Guerra, o pai de Liesel vê-se obrigado a alojar um judeu na sua própria casa. Este judeu conhece Liesel, percebendo que têm coisas em comum, como os medos e os sonhos. Ele começa a ilustrar-lhe livros por ele escritos, que dedicava à rapariga e à sua estreita relação de amizade. Com o avançar da guerra, Molching é bombardeada e, em quatro das suas ruas, todos os habitantes morrem, à exceção de Liesel, que adormecera na cave enquanto escrevia o seu próprio livro. Perde toda a sua família, restando-lhe apenas o pai de Rudy, que se encontrava na Guerra aqundo do bombardeamento. Algum tempo mais tarde, com o consumar da guerra, dá-se a libertação dos campos de concentração e, Max, o judeu que vivera em casa de Liesel e que anteriormente tinha sido levado para o campo de Dachau, regressa em busca de Liesel. A história acaba com uma prolepse, em que a narradora encontra Liesel, devolvendo-lhe o livro que a rapariga escrevera e que havia preservado ao longo do tempo como seu bem mais precioso.
Em suma, gostei muito deste livro, pois evidencia o sofrimento causado por uma guerra, os transtornos criados pelas políticas raciais, e acima de tudo, verifica-se muita criatividade da parte do autor, pela forma como escolhe as personagens e como liga os assuntos, sem menosprezar os impactos da Guerra.
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